As lições que viriam a partir da pandemia, quando o mundo precisou parar, parecem ter ficado apenas no imaginário. A expectativa era grande quanto ao que poderíamos ser quando “isso tudo” passasse. Seríamos mais amáveis e solidários, pensamos, e trabalharíamos por um planeta mais socialmente e ambientalmente justo, sonhamos. O ar limpo que respiramos durante o lockdown fez com que, inclusive, pudéssemos mensurar a olhos nus o impacto da circulação de veículos e do nosso ritmo desenfreado de produzir e consumir. Será que o sonho acabou?
Podemos ver agora, que a realidade que nos assombra diariamente está de volta. Aqueles que moram nas cidades perdem horas engarrafados em avenidas poluídas, respirando fumaça, ouvindo barulho e ainda por cima circulando em ônibus sem o menor conforto. Pagam tarifas que não são baratas e vêem o retorno do pagamento de impostos.
Felizmente, já existem saídas: uma delas é eletrificar os ônibus. Estudo da Universidade de São Paulo mostrou que, na maior cidade do país, veículos movidos a diesel, como caminhões e ônibus, são responsáveis por cerca da metade da concentração de compostos tóxicos na atmosfera, tais como benzeno, tolueno e material particulado. Este dado revela por que os veículos movidos a combustíveis fósseis já são tratados como coisa do passado em diversas partes do mundo. A eletromobilidade está diretamente alinhada com o esforço global de enfrentamento às mudanças climáticas.
A transição para uma economia de baixo carbono, as inovações tecnológicas e a busca por qualidade de vida nas cidades vem impulsionando o crescimento dos veículos elétricos no mundo todo. No entanto, enquanto países próximos, como Chile e Colômbia, avançam a passos largos na eletrificação das frotas, essa revolução acontece em ritmo ainda lento no Brasil. Entre os motivos que atrasam o nosso desenvolvimento está a falta de priorização de políticas públicas e de investimentos para acelerar o setor.
Segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos (SIMOB/ANTP), há cerca de 117 mil ônibus municipais e metropolitanos em operação no país, mas menos de 1% são veículos de baixa ou zero emissão. Esses veículos, em sua maioria, são movidos a diesel, um dos combustíveis mais poluentes, que causa grandes impactos na saúde da população, no custo do transporte e no meio ambiente. Não estamos a caminho de limitar o aquecimento global a 1,5°C, meta assumida pelo Brasil, e a adoção de frotas mais limpas e eficientes é essencial para atingirmos esse objetivo.
Especialistas em mobilidade urbana apontam que precisamos acelerar a eletrificação no Brasil através dos ônibus, ou seja, pelo transporte coletivo. Isso porque esta é uma solução boa para todos, afinal, os ônibus do transporte coletivo são o meio mais utilizado pela maioria da população. Mesmo que a eletrificação de carros ocorresse por completo, ainda assim teríamos milhares de pessoas utilizando diariamente um transporte público poluente, cujos impactos negativos à saúde e à qualidade do ar seriam sentidos por todos: tanto quem anda de ônibus, quanto quem anda de carro.
A poluição atmosférica é hoje a primeira causa ambiental de adoecimento e mortalidade no mundo e, segundo a ONU, provoca 7 milhões de mortes prematuras todos os anos. Ou seja, continuar dependendo de combustíveis poluentes é, além de atrasada, uma escolha perigosa e que afeta a todos, até a quem não anda de ônibus.
Uma pesquisa de opinião encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) mostrou que 92% dos brasileiros gostariam de ter mais ônibus elétricos em suas cidades. Mas esta não se trata apenas de uma vontade dos brasileiros. O mundo todo já entendeu que é preciso eletrificar os ônibus.
Historicamente voltados para o desenvolvimento tecnológico, países da europa e os Estados Unidos avançam na migração para a chamada indústria do futuro, em que a eletromobilidade é protagonista. Todos os planos de desenvolvimento em países da União Europeia e na China incluem a eletromobilidade e a economia de baixo carbono como a solução não só para o enfrentamento das mudanças climáticas, mas também para o progresso econômico.
Além disso, as vendas anuais de veículos elétricos ficaram em torno de 5,6 milhões de unidades em 2021, 83% a mais do que em 2020 e 168% acima de 2019, conforme o WRI. A eletrificação dos transportes no Brasil, portanto, também representa ganhos econômicos e maior alinhamento com o mercado internacional, tornando o país mais competitivo.
Os municípios são protagonistas neste processo já que têm o poder de regular as concessões de ônibus e, por isso, podem exigir que haja a transição energética das frotas. Mesmo em concessões existentes é possível promover a eletrificação, desde que o usuário não pague esta conta. Segundo dados do ICCT, estima-se uma redução de até 60% no custo operacional de ônibus elétricos em comparação com aqueles movidos a diesel. Isso sem mencionar os ganhos com a redução de custos em relação a saúde e qualidade de vida. Somente em São Paulo, a mortalidade e a morbidade geradas pela poluição do ar geram um custo econômico de até US$ 208 milhões ao ano, de acordo com pesquisadores brasileiros.
Em razão disso, já é possível prefeitos e secretários de Transporte e Mobilidade implementando políticas públicas que pavimentam um caminho claro de incentivo à transição para uma frota limpa. Para ganharmos escala nessa corrida rumo à eletrificação das frotas de ônibus nas cidades, no entanto, é preciso que:
Uma campanha pela eletrificação do transporte público brasileiro.
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